A Volkswagen Amarok V6 agora é definitiva e com ela pode iniciar-se uma disputa de “poder” no segmento médio. Enquanto isso ainda não acontece, embora as chances sejam enormes de ser muito breve, a picape média da marca alemã reina agora com seu potente V6 3.0 TDI de 225 cv entre 3.000 e 4.500 rpm, com um torque de 56,1 kgfm entre 1.500 e 2.500 rpm.
Mesmo só com essa carga de cavalaria, a Volkswagen Amarok V6 já não encontra resistência nas rivais, mas ainda existe o overboost para dar um “plus” de energia nesse conjunto. Empurrada de 0 a 100 km/h em 8 segundos, a picape cabine dupla surpreendeu ao chegar com um preço competitivo no segmento, custando R$ 187.710 quando em pré-venda. No entanto, as 450 unidades sumiram em menos de 24 horas, o que mostra o potencial da proposta no mercado nacional.
Agora, ela chega por R$ 184.990, mas sem as rodas aro 19 polegadas Milford, que marcam a Volkswagen Amarok V6. Se somar o conjunto, ela vai para o mesmo valor da pré-venda, ficando apenas a pintura metálica como adicional. Mas não se engane, não existem apenas flores. Sente-se a ausência de estribos nas laterais, rack no teto e, é claro, o bom e velho santantônio. A capota marítima aparece como um alento diante dos faltantes.
Com bom conteúdo interno, a Volkswagen Amarok V6 agrega conforto e certa dose de sofisticação. O ar-condicionado é dual zone, mas bem que podia ter difusores de ar traseiros. A multimídia Discover Media não tem tela de 7 polegadas, embora a de 6,33 não seja ruim. Há muitas partes em plástico duro e sem qualquer impressão de qualidade superior.
Para o tamanho e proposta, o modelo dispõe apenas de uma entrada USB, mas tem três fontes de 12V e mais um acendedor de cigarros. Então, um carregador automotivo estará literalmente em casa. O controle de cruzeiro na haste da alavanca poderia ser mais bem resolvido no volante.
Sem estribo, os mais baixinhos terão dificuldade maior sem uma alça na coluna A esquerda. Atrás, os porta-copos ficam no chão. Melhor seria num apoio de braço retrátil, por exemplo. O espaço para as pernas também não é o ideal se condutor e passageiro dianteiro forem altos. Nem dá para contar com o porta-luvas para guardar objetos, pois é minúsculo e sobra quase nada com o manual dentro. Como se vê, a Volkswagen Amarok V6 tem das suas, mas faz bonito no conforto de quem vai na frente.
Os bancos em couro (com dois tons) possuem ajustes elétricos, inclusive lombar, além de extensor de assento manual. Bem envolventes e com espuma macia, o conjunto gruda no corpo e dá uma sensação boa. Apenas seria legal se tivesse memória para o condutor e modo de saída. Mas estamos falando de picape, e nem tudo se aplica ao segmento da mesma forma que nos demais. Por exemplo, muitos nem reclamarão da falta de iluminação nos espelhos dos para-sóis e nem do porta-objetos pequeno entre os bancos.
Quanto à caçamba, a Volkswagen Amarok V6 apresenta um bom espaço e capacidade de carga, mas o piso não possui proteção plástica ou abrasiva para evitar danos ou manter a carga mais fixada ao assoalho. Ele é bem liso, por sinal. A tampa de carga é leve, apesar do tamanho e facilita o acesso, assim como o degrau no para-choque. Há luz para operações em locais escuros ou à noite. Ganhos para carga estão presentes.
No visual, as rodas Milford aro 19 chamam atenção, assim como os LEDs diurnos e a vistosa grade cromada com o V6, até certo ponto discreto. Na traseiras, as grandes lanternas escurecidas agradam, mas o “V6 TDI” é visível bem de longe e já passa a mensagem: “Não venha tretar comigo”. Mas e aí, anda mesmo?
Volkswagen Amarok V6 – Quem é o EA 897?
Antes de falar que é um potente motor, devemos lembrar que sua origem não é Volkswagen, mas se trata de um legítimo Audi. Ele também é usado pela Porsche. Conhecido como EA 897 e tem 3,0 litros, compreendo um bloco V6 de 90 graus de abertura e com taxa de compressão de 17:1. Ele tem bloco em ferro fundido e cabeçotes de alumínio com 24 válvulas.
O EA 897 tem comandos de válvulas acionados por correntes, que dispensam manutenção. A bomba de óleo é variável e trabalha com outra à vácuo, aumentando a eficiência na lubrificação. Bloco e cabeçotes possuem sistemas de refrigeração separados, tendo ainda um intercooler ar-água. O turbocompressor (existe versão na Audi com dois turbos e potência na casa de 320 cv) tem turbina de geometria variável, necessária para reduzir o turbo lag em baixa rotação.
Lembra do overboost? Por 10 segundos, o EA 897 confere mais 20 cv e 3 kgfm, fazendo a potência bater nos 245 cv (limite da transmissão) e passar dos 59 kgfm (66,2 kgfm é o limite do Aisin). Com tudo isso, a Volkswagen Amarok V6 sim, anda muito. Para controlar esse V6 3.0 TDI, que ainda dispõe de injeção eletrônica Common Rail e EGR (Recirculação dos Gases de Escape), a VW manteve o câmbio automático de oito velocidades. A tração permanente nas quatro rodas com variação de força, é necessária para domar o bicho.
Volkswagen Amarok V6 – Impressões ao dirigir
Ao ligar o motor, nada de roncão, mas o barulho típico dos motores diesel, mas um pouco mais suavizado. No trânsito urbano, o V6 3.0 TDI pode ser tocado de forma tranquila, suave, sem receio de uma ação bruta ou inesperada. Ela é tão dócil quanto a versão com o polêmico EA 189 2.0 TDI, tendo um funcionamento até certo modo bem comportado. O nível de ruído agrada nessa e em outras situações.
O câmbio com sistema Tiptronic e mudanças de marchas na alavanca ou volante (paddle shifts) trabalha suave, mas por conta da grande força do EA 897, necessita manter marchas bem altas em velocidade baixas. Lembre-se, são mais de 56 kgfm em tempo integral e em rotações baixas. O ponteiro só chega aos 2.000 rpm nas trocas e já é suficiente para imprimir uma velocidade adequada para o meio urbano.
Se ele é comportado e até dócil na cidade, também pode ser conduzida frugalmente na estrada, com rotação que igualmente nem precisa passar de 2.000 rpm em cruzeiro. Em 110 km/h, ele marca 1.800 rpm. Sem esforço, o V6 3.0 TDI cumpre sua missão e não tem conhecimento de aclives longos ou mesmo acentuados. Em subidas íngremes, ele até ronca um pouco mais, mas faz a picape subir com facilidade incomparável.
E então? Isso até o 2.0 TDI pode cumprir também. Pois é, mas não se o condutor exigir mais do carro. É aí que o EA 897 mostra o seu poder. O propulsor dá uma boa puxada na picape, o suficiente para assustar outros motoristas. O ronco muda completamente e passa a ter o vigor de todo V6.
Embora sem socos e ponta-pés do turbo, a aceleração é imediata e faz a picape deslanchar rapidamente para velocidades mais altas, mesmo que ele esteja a 120 km/h. Só depois a empolgação inicial é que a consciência diz que você está numa picape. Então, o gosto do caldo de galinha começa a impregnar a boca. Mesmo assim, a Volkswagen Amarok V6 proporciona um controle adequado para que a brincadeira não vire um pesadelo.
A direção é hidráulica e é pesada em manobras, mas o efeito é bem atenuado ao rodar, pois ela fica leve, mas não o suficiente para se tornar insegura. Os freios também cumprem seu papel, especialmente porque os traseiros possuem discos ventilados, que garantem mais eficiência na hora de parar.
Com retomadas dignas de esportivos, assim como sua aceleração, a Volkswagen Amarok V6 se torna ainda mais radical com o modo Sport acionado, fazendo o giro ir lá para a casa dos 4.000 rpm, deixando o motor cheio em tempo integral. Embora presente, a mudança manual é dispensável diante dessa energia toda. A suspensão não tem um ajuste mais firme, tendo o mesmo comportamento que no 2.0 TDI. As rodas aro 19 polegadas ajudam, assim como os controles de tração e estabilidade.
Em estradas de terra, o conjunto mostra porque não privilegiou a performance no asfalto. Bem equilibrada, a Volkswagen Amarok V6 cumpre também com a outra obrigação de toda picape, andar bem e vencer dificuldades em terra. Bom, para as primeiras impressões, o modelo já agradou muito. Agora resta ver como é o dia a dia com essa usina de força móvel (também é de uso marítimo). Assim, somente na Avaliação NA saberemos mais dessa picapona diesel.